A sexta extinção em massa

Bruno Taurinho
3 min readMar 29, 2018

O ritmo de extinções é pelo menos 100 vezes mais rápido do que o natural

O total de espécies de seres vivos com extinção confirmada no século XXI, ou seja, nos últimos 18 anos, é de pelo menos 14. Todos por ação, direta ou indireta, do ser humano e alguns deles vistos pela última vez décadas antes de terem sua extinção declarada.

O Íbex-dos-Pirineus foi o primeiro ser vivo a ser extinto no século XXI. O último animal da espécie morreu em janeiro de 2000, quando uma árvore caiu sobre a fêmea Celia, na Espanha. Houve uma tentativa clonagem em 2003, mas não deu certo.

Já o segundo ser vivo a desaparecer no século XXI foi a Oliveira de Santa Helena. É a extinção mais recente de uma planta, que aconteceu em 2003, sendo que ela já não existia em ambiente selvagem desde 1994. Há pelo menos 40 outras plantas que só existem em cativeiro.

Também é quase certo que o Baiji, ou Golfinho-do-Yang-Tsé, seja o primeiro golfinho extinto pelo homem, por causa da poluição. Os chineses notaram a queda em sua população nos anos 1980 e o último Baiji conhecido, Qiqi, morreu em 2002. A expedição mais recente para encontrá-lo foi em 2006, sem sucesso.

Vista pela última vez nos anos 1980, a Gazela Saudita foi declarada extinta em 2008. Já a Puma Oriental, em 2011, apesar de sua última fotografia ter sido tirada em 1938, nos EUA. É o mesmo ano da extinção do Rinoceronte-negro-ocidental, visto pela última vez nos Camarões, em 2006.

Em 2012 foi a vez do Japão declarar extinta a Lontra-de-água-doce-japonesa. No final do século XIX ela podia ser vista nos rios de Tóquio mas, pouco mais de 100 anos depois, desapareceu, também por causa da poluição. A última foto de uma delas é de 1979 e as últimas buscas oficiais foram feitas nos anos 1990.

Também em 2012 morreu o famoso Lonesome George, o último sobrevivente das Tartarugas-das-galápagos-de-Pinta. A vegetação da ilha de Pinta foi devastada por uma população de cabras não-nativas introduzidas pelo homem e George viveu pelo menos 40 anos como o último de sua subespécie.

O lagarto-gigante-do-Cabo-Verde foi declarado extinto em 2013 pois seu habitat, pequenas ilhas do país africano, havia sido completamente destruído. Assim como o Leopardo-nebuloso de Taiwan, já que uma pesquisa realizada entre 2002 e 2004 não encontrou nenhum espécime na ilha.

Em 2014 foi a vez da Coruja-serra-afiada-de-Bermuda, que desapareceu do arquipélago por causa da destruição da vegetação local. Em 2016, o pequeno roedor Melomys rubicola foi extinto. A última vez que sua pequena população foi vista, habitando uma única ilha de 50m², foi em 2006. Em 2017, foi a vez do Morcego-da-Ilha-Christmas desaparecer.

Chegamos, então, a 2018 e a extinção garantida do Rinoceronte-branco-do-norte. O último macho, Sudan, morreu e as chances de uma inseminação artificial funcionar com as duas últimas fêmeas, Najin e Fatu, é muito pequena.

Foto de Ami Vitale

Estamos vivendo a sexta extinção em massa, iniciada com o Holoceno, quando o ser humano passou a ser a espécie dominante. Cerca de 800 extinções foram documentadas apenas nos últimos 500 anos. Além disso, a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza identifica 78 espécies que hoje só existem em cativeiro, com populações cada vez menores.

--

--

Bruno Taurinho

jornalismo e conteúdo | política, direitos humanos, vexilologia, história, música, quadrinhos etc.