Peter Gabriel — Sledgehammer
Peter Gabriel, 1986
“Sledgehammer” é o maior sucesso da carreira de Peter Gabriel, um artista de muitas facetas que criou um blue-eyed soul bem dançante com muita influência do funk. A canção foi o resultado de uma ideia que Gabriel não levou em frente, de gravar um disco de clássicos de souls que incluíssem também algumas composições suas. Desse projeto, apenas “Sledgehammer” saiu do papel. E a música acabou atingindo as paradas como um marreta, com sua letra cheia de insinuações sexuais, algumas óbvias, outras um pouco “alternativas”. Mas a letra aqui é a coisa menos importante.
O primeiro single do disco “So”, de 1986, chegou ao topo das paradas americanas para despontar “Invisible Touch”, ironicamente o único número um do Genesis, a antiga banda de Peter Gabriel — da qual ele não saiu nos melhores termos, onze anos antes. Para criar algo que remetia ao soul que o influenciava e que escutava desde a adolescência, Gabriel chamou o saxofonista Wayne Jackson, líder da banda da Stax Studios, uma das principais casas do soul americano, e um trio de backing vocals com tradição no soul e no R&B.
A cereja do bolo foi, claro, o clipe. Produzido pelos estúdios responsáveis pelas animações de “Wallace & Gromit”, o vídeo tem uma mistura de stop motion, animação em massinha e pixilation e elevou Peter Gabriel do status de músico respeitado para astro do pop. “Sledgehammer” se tornou o clipe mais exibido da história da MTV, marca que não pode ser mais ultrapassada. Em 1987, quando o VMA ainda era relevante, a animação levou nove prêmios, um recorde que dificilmente será batido. Considerado um dos melhores clipes jamais produzidos, “Sledgehammer” entrou para a história como expoente de seu tempo, em que os clipes tinham parte da responsabilidade de fazer um single decolar. E nesse caso, a responsabilidade foi quase toda dele.